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O papel do RH em tempos de Covid-19

Um ano depois, o que ganhamos de experiência?

Março de 2020. Foi a partir desse período que nos foi exigida uma adaptabilidade nunca antes experimentada. Início da pandemia no Brasil, o medo do invisível, novos casos da doença surgindo ao nosso redor, preocupação com a saúde dos colaboradores, implementação do home office, distanciamento das equipes, impactos financeiros, dificuldade de manter rituais corporativos, receio da cultura ser afetada negativamente… Um turbilhão de preocupações habitava nossas mentes e ainda assim precisávamos ter a serenidade para buscar as melhores estratégias.

Quando pesquisamos sobre o papel da área de Recursos Humanos numa empresa, geralmente os resultados retornados são atrair, capacitar, desenvolver, gerir e reter profissionais qualificados. Sabemos que na prática a situação não é simples: cada colaborador contribui com a sua história, sua subjetividade e seus objetivos na construção do grupo chamado Empresa. Além disso, não existe um manual de instruções que explica como lidar com as pessoas. Cada um de nós é singular, e por isso teremos interpretações diferentes das situações. É por isso que é tão necessário que a área de Recursos Humanos saia de sua caixinha e tenha um olhar humanizado e criativo para as suas ações, ainda mais numa situação como a que estávamos e ainda estamos vivenciando.

Alvin Toffler escreveu que “os analfabetos do futuro não serão os que não sabem ler ou escrever, mas os que não sabem aprender, desaprender e reaprender”. E foi com isso em mente que aproveitamos o ano passado para implementar uma série de ações de melhoria no setor e, consequentemente, na empresa. Uma das mudanças foi no nome: deixamos de ter uma área de Recursos Humanos e mudamos para Gente & Gestão. Essa alteração no nome reforçou ainda mais o que já faz parte da nossa cultura, que é o foco nas pessoas, com as habilidades comportamentais e socioemocionais em cena como protagonistas.

Saber se colocar no lugar do outro, escutar, e não apenas ouvir, ter empatia, entender no que você pode ser útil, exercitar o feedback e a comunicação não violenta são ações que parecem pequenas, mas são imensas diante daquele colaborador que precisa de uma mão estendida. Não importa se você é profissional de Recursos Humanos formado em Administração, Psicologia, Gestão de RH ou Engenharia de Produção: na verdade a formação não importa, desde que você se comporte como um ser humano. Como disse Jung, “conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana”.

A bandeira da humanização da área de Recursos Humanos precisa se manter erguida em todos os momentos, porque ali não há apenas um profissional, mas sim uma família que torce e vibra unida, mas também lamenta junto. Quando eu ligo para um Confiante para perguntar como ele está, eu também quero saber sobre a família dele. Quero saber como eles têm passado, se todos estão bem, se tem algum amigo passando por algo mais complicado e se eu posso ajudar de alguma forma. Na maioria das vezes não há muito o que fazer, mas o simples ato de escutar e fazer o acolhimento é essencial.

É preciso também ter o feeling de entender como, diante da cultura da empresa, você pode manter as práticas em dia. Se é costume da empresa aplicar pesquisa de satisfação ou ter um canal de elogios, procure entender quais adaptações você precisa fazer para que essas ações continuem existindo apesar da distância. Se você tem processos seletivos em aberto, seja transparente com seus candidatos. E caso os subsistemas tenham sido todos paralisados, entenda de que forma novas ações da sua área podem ajudar na integração e bem-estar dos colaboradores.

Na Confiance Medical, aproveitamos para buscar novos conhecimentos e um olhar externo sobre nossas práticas. Fizemos cursos, trabalhamos com uma consultoria para reestruturar nosso Plano de Cargos e Salários, criamos um Comitê de Calibração para tomar decisões estratégicas compartilhadas e também participamos de um Comitê de G&G idealizado pela Endeavor, que é uma rede de fomento ao empreendedorismo. Nesse Comitê contamos com a mentoria de 2 grandes empreendedores, Vabo e Pedro Chiamulera, e foi nesse projeto que nasceram ideias de estruturação de novas práticas da área.

Com o apoio desses parceiros, a área de Gente & Gestão da Confiance Medical ganhou maturidade. A mudança do nosso onboarding coincidiu com a pandemia. Foi um grande desafio implementar um processo tão crítico, que impacta toda a trajetória do profissional dentro da empresa, num período como esse. Os novos Confiantes agora passam pela Jornada do Confiante, que consiste em uma série de capacitações e atividades com o intuito de permitir a boa adaptação à nova rotina, à nossa cultura e aos novos colegas de trabalho, apesar da distância. Com um acompanhamento próximo, 15 Confiantes já passaram por esse processo, e nosso grande reconhecimento é mantermos, desde setembro de 2020, a nota 100 nas pesquisas de satisfação aplicadas.

Com muitos Confiantes em home office e outros presencialmente na fábrica, filiais e em clientes que ficam por todo o Brasil, tivemos a difícil tarefa de conseguir manter o clima, a cultura e a satisfação de todos em um período em que a integração presencial parou de existir. Passamos a ter reuniões virtuais semanais com todos os Confiantes para conversar sobre os cenários, o faturamento e trazer outros informativos, e tivemos também festas virtuais para comemorar eventuais conquistas e marcos. No departamento de Gente & Gestão criamos o G&G Comunica, que são informativos periódicos sobre temas diversos, como hábitos saudáveis, estresse e ansiedade, além de termos proporcionado a adição do benefício de saúde mental Psicologia Viva, de forma a promover qualidade de vida para os Confiantes.

Se eu pudesse definir 2020 e 2021 em uma palavra seria Vulnerabilidade. Brené Brown, professora e pesquisadora dessa temática, diz no livro A Coragem de Ser Imperfeito que “somente quando temos coragem suficiente para explorar a escuridão, descobrimos o poder infinito de nossa própria luz”. Diante de uma situação difícil, como a pandemia do COVID-19, foi necessário analisarmos o cenário em que estávamos inseridos, entender nossos pontos fortes e de melhoria e encontrar alternativas de reinvenção diante das possibilidades. Foi também a partir da Vulnerabilidade que conseguimos demonstrar aos Confiantes que, apesar das incertezas do cenário que nos encontramos, estamos todos no mesmo barco – unidos e cada vez mais fortes. Se a área de Recursos Humanos se mostra vulnerável e esta ação também é comprada pelas lideranças, o ambiente de trabalho se torna cada vez mais motivador, inovador e produtivo e o colaborador se sente acolhido e confiante.

Para os próximos meses de 2021 resta a incerteza. Da mesma forma como não prevíamos a pandemia, não conseguimos prever o que vem pela frente. Porém de uma coisa eu tenho certeza: diante dos desafios constantes, nossas interações com as demais pessoas necessitam que ajustemos cada vez mais as velas da empatia para desbravar os novos mares da união.

Giselle Barbosa

Gente & Gestão – Confiance Medical

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